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Preferem o dinheiro, à vida.
Obrigam as pessoas a pedir e a rastejar por uma migalha de pão. Descem-nas o mais que podem na humilhação. E depois riem-se. Riem-se noite e dia, riem-se nas festas, enquanto seguram num copo de champagne, riem-se em casa, quando o filho de três anos brinca com a comida, riem-se quando experimentam mistura-la, e fazem caretas para a engolir, riem-se e riem-se, sem parar. Sempre o mesmo riso: sarcástico, humilhante, frio...
Não compreendem as notícias do telejornal, quando dizem que mais de uma dezena de pessoas morreram à fome, não sabem ler quando no cabeçalho do jornal sobressai o título "Crise de fome em África", não sabem respeitar os outros.
Passam por um mendigo na rua, olham e voltam a olhar. Observam com atenção. Porque será que ele está sentado? Não tem uma perna? Não gosta de exercício físico? Não tem paciência para estar de pé? São perguntas como estas que nos atrasam o pensamento, e quando finalmente somos atingidos com a questão "Deveria atirar-lhe alguma coisa?" já é tarde de mais...o pobre senhor já está longe, no horizonte das nossas vidas...provavelmente nunca mais o voltaremos a ver, quiçá seja o seu último dia de vida e nós, não nos preocupamos minimamente em saber do seu estado de saúde, apenas o avaliamos.
Por vezes penso em sentar-me simplesmente a seu lado, podemos não trocar palavra por palavra, podemos nem sequer olhar um para o outro, mas só o facto de estarmos juntos faz com que a nossa vida esteja mais competa, quem sabe aquele senhor/a, aquele menino/a que esteja ali sentado seja, o meu maior amigo, o meu confidente. Seja quem mais venha a admirar.
De certo que terá histórias dramáticas para contar, talvez apenas a sua história de vida seja um drama, repleto de emoções e tortura, quiçá seja algo de estraordinária e mercedora de atenção.
Porventura seja a nossa vida em palavras melancólicas e pesarosas.
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