sexta-feira, 14 de maio de 2010

How do we say our goodbyes?



"Adeus..."


Vejo-te junto à entrada da escola, mas estás de saída. Vejo-te a rir e a despedires-te dos teus colegas, quiçá nunca mais os voltes a ver. Vais para a universidade. Vais deixar de ser criança. Vais passar a conduzir e a deixar para trás as boleias da mãe. Vais passar a entrar em casa e ligares a televisão para ouvires o noticiário, vais deixar de ir ao computador.

Vejo-te com o teu típico modo de vestir: calças escuras, camisola preta, tennis pretos com ligeiros tons brancos e vermelhos e o teu casaco. Ai! O casaco! Aquele casaco que compraste mal o viste, um branco sujo com quadrados limitados por linhas pretas tão finas como um fio de cabelo. Aquele casaco que sabes que tanto adoro.

Apetece-me chorar, abraçada a ti, enroscar-me de tal maneira... entranhar-me nas formas irregulares do teu corpo e ser parte de ti, mas digo-o a sorrir. Digo-o com um brilho nos olhos que demonstra choro eminente, um mar salgado prestes a derramar, a percorrer-me a jovem face pálida, deixando um rasto límpido por onde passa...

Apetece-me ir ter contigo e gritar: "Pára! Este é o sítio errado! Esta é a hora errada!".

Apetece-me ir ter contigo e atirar-te os livros, leves, que carregas para o chão, quero chamar-te a atenção!

Apetece-me ir ter contigo. Mas não o faço. Quero ver-te feliz.

Pego no telemóvel e despeço-me da forma mais tristonha e egoísta que pode haver:
"Não te olho nos olhos. Não consigo. Desculpa.
Sou cobarde e aceito que mo digas. Aceito que me respondas de forma fria, mas não queria que partisses sem ouvires uma única palavra minha.
Era capaz de refilar contigo agora mesmo, mas não consigo, não com o rapaz que mais me cativou no último ano. Trocámos olhares nos corredores, amigos para sempre, costumavamos dizer, até que nos conhecemos melhor.
Procura-me naquela pequena ponte de vidro, onde me viste com outros olhos. Procura-me no teu pensamento, onde primeiro gravaste o meu nome. Procura-me em ti. Adeus Ricardo"



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