Jack: where to miss?
Rose: To the stars...
Bastou apenas uma vez. Uma vez em que chorei perdidamente e afoguei as lágrimas no casaco da minha avó, aqueles casacos quentinhos de lã, ainda feitos à mão. Uma vez em que me ri só por uma pequena frase, sem sentido nem contexto. Uma vez em que me sentei no sofá durante horas e nunca tirei os olhos do ecrã. Uma vez chegou, para eu poder afirmar que aquele era, sem dúvida: o filme da minha vida.
Durante dias, semanas e até mesmo durante meses, eu tinha um pequeno ritual. Um ritual que era só meu: sentava-me no sofá diante da pequena caixa mágica, por cima do móvel, colocava o DVD em Play e contemplava-me com as belas e doces palavras do ínicio do filme "Treze metros...já o deves ver." O filme começara e eu jamais me levantaria até ao seu final. Três horas e catorze minutos na mesma posição, a sentir uma paixão entre duas pessoas distintas mas iguais, a fazer parte da história à qual não pertencia, a viver um sonho que não era meu.
Entranhei-me tanto nas histórias que ouvi, nos enredos do filme, nos boatos espalhados, que, fiz dele, parte de mim. A toda a hora citava frases do filme, pequenos conjuntos de sílabas e versos vazios, míseras citações para alguns, mas que, para mim, marcavam!
Em tempos pensei ser a única dependente daquele romancismo dramático, mas esses tempos mudaram. Não há muito, dia 21 de Janeiro de 2010, enquanto falava com um amigo meu, Ricardo, pela Internet, vim a saber que ele também tinha um filme favorito, que, por acaso, coincidia com o meu. Já sabia que partilhávamos de vários gostos idênticos mas nunca pensei que ele passara a sua infância e adolescência tal qual como eu passara a minha: agarrada ao comando da televisão, de boca aberta e os olhos embaciados, devido ao choro evitado. Deve ter sido das primeiras vezes em que não me achei fora do comum por ver um filme dias seguidos, vezes sem conta. Ele próprio afirmara: "Quando tinha seis anos, tive de comprar uma segunda cassete! A outra estragou-se, vá se lá saber porquê..."
Agora pergunto-me, como é que uma criança, de seis anos, gosta de estar incapaz de se mover, durante tanto tempo, só por um drama romãntico estar, indefinidamente, a passar na televisão?
De todas as razões que encontrei apenas uma me pareceu a mais indicada: qualquer criança procura uma boa história, seja ela triste ou alegre, sombria ou cheia de cor...apenas tem de ter princípio, meio e fim, apenas tem de ter lógica, apenas precisa de ser cativante!
E penso que seja isso que nos prende ao filme, a sua maravilhosa história, que nos encanta desde a idade na qual, supostamente, quereríamos brincar com bonecas e correr no parque, até à idade na qual não nos apetece fazer nada, porque nos cansamos com facilidade.
E é esse tipo de história que TITANIC nos oferece. Uma história de um amor trágico entre Jack Dawson e Rose DeWitt Bukater. Uma história que me toca já desde há muitos anos.
Em suma, uma das histórias que fazem parte da minha vida.
Sem comentários:
Enviar um comentário