Pensei em participar em castings.
Pensei em procurar em salas de teatro...vazias, mas repletas de bater de palmas, já longínquos.
Pensei em esperar-te sentada, no mesmo local.
Pensei em mandar-te uma carta.
Pensei de tudo...
E em tudo, só para te conhecer.
Queria saber o que era estar contigo para além do imaginário, saber que estavas fora daquela pequena caixa que as pessoas idolatrizam e que colocam, estratégicamente, por cima do móvel da sala, de modo a que qualquer pessoa, recostada no seu canto, possa ver as imagens transformarem-se no ecrã. Sim! Essa pequena caixa que acumula pó.
Queria saber se serias como no meu pensamento: simpático e divertido. Um pequeno rapaz por fora, um grande homem por dentro.
Vi-te passar, uma vez, por mim, queria chamar-te, mas não fui capaz. Um bando de adolescentes desesperadas seguiam-te, queriam que lhes desses atenção, um simples olhar teu, faria o seu dia realizar-se, mas tu fugias... Estavas cansado da popularidade. Estavas cansado das câmaras, das histórias por demais, estavas cansado da vida...
Tive pena de ti, mas ainda assim, fui invejosa. O que desejava era de tal maneira grande que não podia, sequer, deixar fugir...
Corri para te apanhar. Corri e corri, para onde quer que fosses estarias sempre com a sensação de ser presseguido...por minha culpa. Não te largava, não te podia deixar partir. No entanto, o quanto eu te quis apoderou-se de mim como outra força. Reflecti. Pensei que, tal qual como fugias dos curiosos, fugirias de mim, se soubesses da minha obcessão.
Deixei-te fugir. Larguei o caminho que os meus olhos percorriam até ti. Ceguei-me por momentos, até ter a certeza de que jamais te iria encontrar.
Passaram-se dias, semanas e até mesmo meses, e a imagem de ti apavorado não me saía da cabeça. Infiltrava-se no meu pensamento dia após dia. Devorava-me a cada minuto que passava. Como pude ser tão rude? Como?
No entanto aquele desejo de te conhecer continuava a puxar por mim. Não iria desistir, mas nunca te voltaria a fazer o mesmo! Nunca!
Procurava, revoltosamente, mil e uma maneiras de te conhecer como qualquer pessoa normal. Mas nada...não me surgia nada ao pensamento...
Quiçá fosse assim que estivesse destinado...uma rapariga adolescente que vivia com um desejo incondicional. Um desejo, e nada mais do que isso.
Mas hoje...lá estavas tu. Sossegado e a sorrir como eu sempre te imaginei. Não fugias das câmaras, nem tentavas parecer bem, apenas...eras tu próprio.
Não pude evitar o cair das lágrimas quando te vi, tinha tentado de tudo e agora, estavas ali. Era tão simples, que parecia surreal. Era tão fácil chegar a ti...Era tudo tão fácil!
Emocionei-me mas depressa recuperei, não queria que me visses num estado de lamúria, não queria que me relembrasses com tristeza. Queria apenas que me dissesses "olá", com aquele sorriso que só tu serias capaz de fazer. Não pedia nada mais.
Apenas isso bastava, para o dia 15 de Maio de 2010 jamais me sair das sombras, robuscas e mesquinhas, da memória. E tu fizeste-o como ninguém!
Obrigada Pedro Granger :)